A restrita bibliografia sobre o surf aponta o seu surgimento nas Ilhas Polinésias, através dos povos nativos, em virtude de sua própria cultura de subsistência, a pesca. Constantemente tinham que se atirar ao mar com seus barcos feitos artesanalmente para pescar, e quando voltavam, deslizavam sobre as ondas para chegar mais rápido à terra firme. Este ritual acabou se tornando um hábito entre as civilizações daquela região.
A sociedade polinésia era organizada em um sistema monárquico, e como em toda a monarquia os mais altos chefes gozavam de alguns privilégios. Como os reis estavam livres das tarefas diárias no campo, nas vilas e na pesca, podiam despender inúmeras horas no mar, praticando surf. Deve ser por esse motivo que a reputação da grande maioria dos chefes polinésios era a de serem excelentes surfistas. O surf realmente era o esporte dos reis. Credita-se aos povos polinésios a invenção do surf na sua forma mais primitiva.
Conta-se que o rei Tahito, conhecido por Moiheka foi o primeiro polinésio surfista que chegou ao Havaii. Porém, em 1778 quando o navegador britânico James Cook descobriu o arquipélago, ele afirmou que já existiam surfistas nas ilhas.
No Hawaii antigo Batizaram o surf, seu esporte nacional, de He’e nalu. O termo é uma conjunção de palavras que juntas têm um significado. He’e significa surfar, deslizar; enquanto Nalu é a onda.
O termo Ali’i designava os antigos nobres havaianos. Os Ali’i eram em geral maiores e mais fortes que os demais nativos.
O Surf começou a ser praticado pelos antigos reis Havaianos com pranchas feitas de madeira, extraídas de árvores locais como a wiliwili, koa, 'ulu (frutapão) e após 1830 as não nativas madeira vermelha, mogno, pinho e cedro entre outras.
Equipamentos
Ao que tudo indica, os polinésios eram bem ecléticos com relação aos materiais utilizados na prática do surf. Qualquer coisa que boiasse podia ser usada para surfar, até mesmo pedaços de troncos de coqueiros.
Entretanto, a grande diferença entre os havaianos e os demais povos polinésios começa a se tornar evidente quando consideramos quem eram os surfistas, com qual material surfavam e de que forma surfavam. Na grande maioria das ilhas do oeste da Polinésia, o surf era praticado principalmente por crianças, e quase que exclusivamente por meninos. Em contraste, nas ilhas Marquesas, no Taiti, nas ilhas Sociedade, ilhas Cook, Rapa Nui, Havaí e Aotearoa, o surf era um esporte praticado por todas as pessoas das mais diferentes idades. Os outros aspectos da prática do surf, o tamanho das pranchas e a maneira como se surfava, são intimamente relacionados, uma vez que a extensão da prancha determina as possibilidades do surf.
Tipos de pranchas
Duas principais linhagens de pranchas foram identificadas na Polinésia: os bodyboards, mais conhecidos como paipos, e as pranchas maiores, que possibilitavam o surf em pé. Os relatos históricos mencionam a existência de grandes pranchas de surf somente no Havaí, Taiti e em Aotearoa. Entretanto, as pranchas de Aotearoa, apesar de terem 6 pés de comprimento, tinham somente 9 polegadas de largura, e muito provavelmente não puderam ser utilizadas na prática do surf em pé. No Taiti, Morrison relata a prática do surf na posição ereta por alguns nativos que faziam uso de pranchas grandes, com cerca de 6 pés de comprimento. A grande maioria dos nativos das ilhas restantes, no entanto, fazia uso somente de paipos. Os havaianos, em contrapartida, possuíam verdadeiras pranchas de surf, algumas delas com mais de 18 pés de comprimento, 2 pés de largura, 6 polegadas de espessura e que poderiam chegar a pesar até 50 quilos.
Como tais pranchas tinham ótima flutuabilidade, todos os tipos de abordagens surfísticas podiam ser realizadas: surf de joelho, sentado e na posição ereta. Hoje já se sabe que os havaianos eram capazes de executar todas essas manobras, o que, somado aos diferentes equipamentos utilizados por eles, fez com que essa estirpe se diferenciasse sobremaneira das demais da Polinésia..
